“A ignorância ainda é nosso maior inimigo” – Depoimento, Thaisa Lima

“Só descobri que tenho TDAH há uns 3 anos. Muito pouco tempo para quem sofreu a vida toda. Sempre me achei diferente dos outros e minha auto estima nunca me favoreceu. Meus irmãos e os colegas me davam apelidos, eu era a” lesada” a abestada, sem noção. Me rotularam de uma forma tão agressiva que eu nem sei dizer como isso foi devastador dentro de mim e nem posso calcular as consequências que essa ignorância causou dentro de mim.

Eu sempre acreditei que o TDAH só afetasse as pessoas com muita energia. Nem chutaria de longe que meus problemas de concentração, os inúmeros objetos que perdi e todas as vezes que sonhei acordada eram sintomas. Quantas vezes reli as mesmas páginas e todas as outras coisas que vocês devem saber que eu passei. Até que um dia lendo um livro do Içami Tiba vi um teste sobre TDAH e pasmei quando me identifiquei com todas aquelas coisas. Ele estava me descrevendo. Corri até a estante da minha mãe e peguei o livro Mentes inquietas, estava lá o tempo todo e nunca tinha lido. Chorei durante muito tempo quando li o livro. Todos aqueles depoimentos. De alguma forma eu estava lá em todos eles.

Anos de sofrimento. As pessoas massacraram minha personalidade. Eu acreditava que tinha algum tipo de retardo mental ou algo assim. Passei muito tempo triste, depois aliviada, finalmente aquilo não era culpa minha. Eu respirei em paz.

Hoje consigo conviver bem com ela. Me organizo como posso e parei de me responsabilizar tão severamente como eu fazia. Me formei e como professora tento ajudar meus alunos para que nenhum passe pelo que eu passei. Por que a ignorância ainda é nosso maior inimigo. Como as pessoas são severas com gente que não é igual a elas mesmas! Como elas se acham superiores! É a realidade.

Ainda tem gente que fala coisas sobre meu jeito, me julgam. As vezes dói por quase um segundo. Depois me lembro que existe tanta gente como eu, que sofre por aí. No fim, penso que eles nunca vão entender de verdade como funciona nossos cérebros, mas eu só me importo agora com quem é igual a mim, querendo que ele descubra que não tá sozinho, que ele não é uma aberração e esses trabalho de vocês distribui uma informação que pode salvar a vida de alguém. Exatamente como eu me senti quando li aquele livro.”

Depoimento recebido por email daTDAH Thaisa Lima. Para ter seu depoimento publicado também, é só enviar para vamosfalardetdah@gmail.com.

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